terça-feira, 24 de novembro de 2015

Sugestão de natal 3

José Gomes Ferreira
Dias Comuns
Diário
Editora D. Quixote


 20 de Dezembro de 1968:
Assisti a duas reuniões do júri "O Natal visto pelas crianças". Leitura cansativa de quilos de exercícios escolares, sem graça nem tino, onde apenas se salvam, por pitorescas aqui e além, algumas indigestões dos versos tradicionais das Janeiras.
Sensação trágica de que a fórmula de pesquisa nestes concursos só pode ser esta: ignorar as prosas bem escritas, quase sempre convencionais, hirtas, redigidas pelas mãos-fantasmas dos pais ou dos professores por dentro das mãos dos miúdos. E procurar as outras, as dos cábulas, mal escritas, cheias de asneiras, mas às vezes com saborosos acasos de expressão.
http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/j_g_ferreira/images/jgf_f14.jpgQuer dizer: por esta amostra a Pátria continua do avesso.
(Senhores: como as crianças andam pobres por dentro!)




(A ler na nossa biblioteca)

Sugestão de Natal 2





Obra Vencedora Prémio José Saramago 2015 Quem matou Joãozinho Treme-Treme no terreno perto do depósito da água? O que aconteceu à virginal Vera, desaparecida de casa dos pais a dois meses de completar os dezasseis anos? Quem foi o homem que, a exemplo do velho Abel, encontrou a paz sob o céu pacífico de Port of Spain? Porque é que os habitantes do Bairro Amélia nunca esquecerão o Carnaval de 1989? Quem é que poderá saber o nome das três crianças mortas por asfixia no interior de uma arca? Onde teria chegado Beto com o seu maravilhoso pé esquerdo se não fosse aquela noite aziaga de setembro? Quantos anos irá durar o enguiço de Laura? De que mundo vêm as sombras de Ernesto, fabuloso empregado de mesa, Fernando T., assassinado a 26 de dezembro de 1999, Jaime Lopes, fumador de SG Ventil, Hortênsia, que viveu e morreu com medo de tudo? Quando é que Roberto, anjo exterminador, chegará ao bairro para consumar a sua vingança? Memórias, embustes, traições, homicídios, sermões de pastores evangélicos, crónicas de futebol, gastronomia, um inventário de sons, uma viagem de autocarro, as manhãs de Domingo, meteorologia, o Apocalipse, a Grande Pintura de 1990, o inferno, os pretos, os ciganos, os brancos das barracas, os retornados: a Humanidade inteira arde no Bairro Amélia.

Quem é o autor?

 Bruno Vieira Amaral nasceu em 1978. Formado em História Moderna e Contemporânea pelo ISCTE, é crítico literário, tradutor, e autor do Guia Para 50 Personagens da Ficção Portuguesa e do blogue Circo da Lama. Em 2002, uma temerária incursão pela poesia valeu-lhe ser selecionado para a Mostra Nacional de Jovens Criadores. Colaborou no DN Jovem, revista Atlântico e jornal i. Atualmente colabora com a revista Ler e é assessor de comunicação das editoras do Grupo Bertrand Círculo.

As Primeiras Coisas é o seu primeiro romance. Foi considerado livro do ano em 2013 para a Revista Time Out (ano em que o autor recebeu o Prémio Novos por se destacar na literatura).

Mais recentemente, As Primeiras Coisas, foi distinguido com o Prémio PEN CLUBE Narrativa, Prémio Literário Fernando Namora e Prémio Literário José Saramago 2015. (de Wook)

Sugestão para o Natal


 "Um piano para cavalos altos" de
Sandro William Junqueira
Editorial Caminho

Sandro William Junqueira. Nascido na Rodésia, um país que já não existe, e mudando-se aos dois anos para Portugal, este autor, que se divide entre escrita, música, pintura e atuação, demonstra em livros como Um Piano Para Cavalos Altos ou No Céu Não Há Limões um admirável espírito inovador. As suas narrativas não determinam tempo ou geografia, os personagens não têm nome próprio e os enredos são quase surreais -

Uma cidadela cercada pela natureza onde os lobos são ameaça. Um muro que serve de barreira. Uma sociedade exemplarmente organizada, anos após um grande desastre. Um governo que sabe que o medo é motor e que legisla música. Uma fábrica que produz empadas e apronta cremações. Um microcosmo familiar onde um filho é amarrado a um piano. Um homem dotado da capacidade de sonhar com aquilo que ainda não aconteceu, mas que é certo ir acontecer. Uma rebelião que se levanta. Um cavalo que não perde elegância. Um corvo que gralhará na hora da sorte. Um Piano para Cavalos Altos pretende ser uma metáfora de um mundo regido pela ordem, pela disciplina. Uma premente reflexão sobre o poder: o poder do controlo, o poder da comunicação, o poder do corpo.

de:  http://www.revistaestante.fnac.pt/quem-sao-os-novos-autores-portugueses/

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A substância do AMOR

"A crueldade feminina fascina os homens. Amar uma mulher sem veneno é como jogar à roleta russa com uma pistola de fulminantes. A obscura força que leva um sujeito a lançar-se da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, preso a uma frágil lona, em direção ao imenso azul, aos prédios aguçados, às areias luminosas  da Praia do Pepino, é a mesma que o precipita, indefeso e nu, para os braços de uma mulher. Quando o louva-a-deus encontra a sua deusa e esta lhe diz, "vem, vou-te comer", o infeliz sabe que aquilo não é metáfora. Mesmo assim, seguro de  que depois do amor será servido ao jantar, o louva-a-deus persigna-se e vai. É o que nós fazemos.

José Eduardo Agualusa
"A substância do Amor e outras crónicas"

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Valter Hugo Mãe escreveu...

As bibliotecas são como aeroportos. São lugares de viagem. Entramos numa biblioteca como quem  está a ponto de partir. E nada é pequeno quando tem uma biblioteca. O mundo inteiro pode ser convocado à força dos seus livros.
Todas as coisas do mundo podem ser chamadas a comparecer à força das palavras, para existirem diante de nós como matéria da imaginação. As bibliotecas são do tamanho do infinito e sabem toda a maravilha.
Os livros são família direta dos aviões, dos tapetes-voadores ou dos pássaros. Os livros são da família das nuvens e, como elas, sabem tornar-se invisíveis enquanto pairam, como se  entrassem para dentro do próprio ar, a ver o que existe dentro do ar que não se vê.
O leitor entra com o livro para dentro do ar que não se vê.
Com um pequeno sopro, o leitor muda para o outro lado do mundo ou para outro mundo, do avesso da realidade até ao avesso do tempo. Fora de tudo, fora da biblioteca. As bibliotecas não se importam que os leitores se sintam fora das
bibliotecas.
Os livros são toupeiras, são minhocas, eles são troncos caídos, maduros de uma longevidade inteira, os livros escutam e falam ininterruptamente. São estações do ano, dos anos todos, desde o princípio do mundo e já do fim do mundo. Os livros esticam e tapam furos na cabeça. Eles sabem chover e fazer escuro, casam filhos e coram, choram, imaginam que mais tarde voltam ao início, a serem como crianças. Os livros têm crianças ao dependuro e giram como carrosséis para as ouvir rir. Os livros têm olhos para todos os lados e bisbilhotam o cima e baixo, o esquerda e direita de cada coisa ou coisa nenhuma. Nem pestanejam de tanta curiosidade. Querem ver e contar. Os livros é que contam.
As bibliotecas só aparentemente são casas sossegadas. O sossego das bibliotecas é a ingenuidade dos incautos. Porque elas são como festas ou batalhas contínuas e soam trombetas a cada instante e há sempre quem discuta com fervor o futuro, quem exija o futuro e seja destemido, merecedor da nossa confiança e da nossa fé.
Adianta pouco manter os livros de capas fechadas. Eles têm memória absoluta. Vão saber esperar até que alguém os abra.
Até que alguém se encoraje, esfaime, amadureça, reclame direito de seguir maior viagem. E vão oferecer tudo, uma e outra vez, generosos e abundantes. Os livros oferecem o que são, o que sabem, uma e outra vez, sem refilarem, sem se aborrecerem de encontrar infinitamente pessoas novas. Os livros gostam de pessoas que nunca pegaram neles, porque têm surpresas para elas e divertem-se a surpreender. Os livros divertem-se.
As pessoas que se tornam leitoras ficam logo mais espertas, até andam três centímetros mais altas, que é efeito de um orgulho saudável de estarem a fazer a coisa certa. Ler livros é uma coisa muito certa. As pessoas percebem isso imediatamente. E os livros não têm vertigens. Eles gostam de pessoas baixas e gostam de pessoas que ficam mais altas.
Depois da leitura de muitos livros pode ficar-se com uma inteligência admirável e a cabeça acende como se tivesse uma lâmpada dentro. É muito engraçado. Às vezes, os leitores são tão obstinados com a leitura que nem acendem a luz. Ficam com o livro perto do nariz a correr as linhas muito lentamente para serem capazes de ler. Os leitores mesmo inteligentes aprendem a ler tudo. Leem claramente o humor dos outros, a ansiedade, conseguem ler as tempestades e o silêncio, mesmo que seja um silêncio muito baixinho. Os melhores leitores, um dia, até aprendem a escrever. Aprendem a escrever livros. São como pessoas com palavras por fruto, como as árvores que dão maçãs ou laranjas. Dão palavras que fazem sentido e contam coisas às outras pessoas. Já vi gente a sair de dentro dos livros. Gente atarefada até com mudar o mundo. Saem das palavras e vestem-se à pressa com roupas diversas e vão porta fora a explicar descobertas importantes. Muita gente que vive dentro dos livros tem assuntos importantes para tratar. Precisamos de estar sempre atentos. Às vezes, compete-nos dar despacho. Sim, compete-nos pôr mãos ao trabalho. Mas sem medo. O trabalho que temos pela escola dos livros é normalmente um modo de ficarmos felizes.
Este texto é um abraço especial à biblioteca da escola Frei João, de Vila do Conde, e à biblioteca do Centro Escolar de Barqueiros, concelho de Barcelos. As pessoas que ali leem livros saberão porquê. Não deixa também de ser um abraço a todas as demais bibliotecas e bibliotecários, na esperança de que nada nos convença de que a ignorância ou o fim da fantasia e do sonho são o melhor para nós e para os nossos. Ler é esperar por melhor. 

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

LIVRO DO MÊS - NOVEMBRO


O livro do mês de Novembro nas nossas bibliotecas é...

Os Eco-heróis no Planeta Verde
de Lucília Maria Guedes

e conta com belíssimas ilustrações de Victor Hugo Freitas
A edição é do Grupo Criador Editora - Espinho


 

Uma grande tempestade obrigou Pedro e os seus cinco amigos a entrarem na nave que os conduziria ao planeta verde (...)
(...) Trovões que ressoavam no peito, poções transformadoras, descidas vertiginosas nas vassouras mágicas da aldeia das bruxas, um encontro com um bebé morcego, a exploração do paraíso das profundezas oceânicas e dos mistérios das florestas...
(...) Será que o Pedro e os seus amigos vão fazer tudo para ultrapassarem as grandes confusões e comportarem-se como verdadeiros eco-heróis?

terça-feira, 27 de outubro de 2015

É um Livro...

A biblioteca recomenda - Novembro

Inkspell sangue de tinta
Cornelia Funke
Editorial presença




Eata é  a proposta da Ana Silva nº2 8ºD  








                                                Adorei!!!

A Biblioteca recomenda... Novembro

Sete dias e sete noites

de Álvaro Magalhães

Editora - ASA

Este livro , nº 2 da coleção Triângulo Jota, foi proposto pela nossa amiga Mariana Barroso, do 8º D.

 

 

 Ela gostou muito e tu certamente irás gostar também! É a nossa proposta para o mês de Novembro!

terça-feira, 13 de outubro de 2015

REFUGIADOS : Um problema da Humanidade




Muitos estão preocupados com a chegada à Europa de uma enorme quantidade de PESSOAS fugindo da GUERRA ou da MISÉRIA. Muita informação e muita desinformação chega até nós. Para que nos possamos manter  informados devemos procurar uma boa fonte.

 Pois aqui vai ela - o CPR - Conselho Português para os Refugiados.


O CPR é uma organização não governamental para o Desenvolvimento (ONGD) sem fins lucrativos, independente e pluralista, inspirada numa cultura humanista de tolerância e respeito pela dignidade dos outros povos. O seu obetivo principal é promover uma política de asilo mais humana e liberal, a nível nacional e internacional. Foi distinguido no ano 2000 com o prémio "Direitos humanos" da Assembleia da República.






CPR - para saber mais


terça-feira, 6 de outubro de 2015

A biblioteca recomenda - Outubro

Título: A Criação do Universo
de Fang Li Zhi e Li Shu Xian
Edição - Gradiva
... "Poderá o céu cair? Esta questão, mesmo quando analisada pelos padrões científicos correntes, é um problema físico bem formulado. Se todos os objetos que se encontram à superfície da Terra sem apoio caem, cairão também os corpos celestes?"



Estes e outros assuntos são tratados neste livro de um modo claro e interessante.  Neste livro, os autores relatam a história dos avanços da cosmologia e descrevem o desenvolvimento da teoria do big bang.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Biblioteca recomenda - Junho

Contos Exemplares
de Sophia de Mello Breyner Andresen
Porto Editora
Ilustrações de João Catarino




Contos exemplares é um livro.Nele. um homem e uma mulher perdem-se no caminho, um bispo tenta a todo o custo salvar uma igreja, três reis procuram uma nova luz...
"Para além do Bem e do Mal, de Deus e do Diabo, estes sete contos põem em cena situações exemplares da vida humana, na sua dificuldade e na sua beleza."

O livro conta, claro, com a escrita cristalina de Sophia e belas ilustrações de João Catarino, promessas de algum tempo bem passado!

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Ai Portugal Portugal!

No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada,
Uns por verem rir os outros
E os outros sem ser por nada -
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada









No comboio descendente
Vinham todos à janela,
Uns calados para os outros
E os outros a dar-lhes trela -
No comboio descendente
Da Cruz Quebrada a Palmela ...

No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormindo, outros com sono,
E os outros nem sim nem não -
No comboio descendente
De Palmela a Portimão...

         Fernando Pessoa

ver video

terça-feira, 12 de maio de 2015

Biblioteca recomenda - maio

Espaço 4 - Antologia dos melhores contos de ficção científica.
Editora - Verbo
Contos escolhidos por Richard Davis
1981

Sombras -por Richard Faust

" A velha cave que servia de carvoeira era negra como uma tumba e como ninguém a utilizava, ao longo dos anos parecia ter-se tornado ainda maior. Profunda como o oceano, e fria como a noite, era um poço de uma negrura infinda, um lugar que só abrigava sombras. Ficava em baixo da casa de Raker, e para ali estava, sem serventia, abandonada, esquecida.
A não ser..."

terça-feira, 28 de abril de 2015

AMNESTY INTERNATIONAL // 50 years

A biblioteca recomenda - Maio



Dizia o ensaísta António Sérgio em 1940 que ninguém fala de corda em casa de enforcado. Por isso não se deve falar de Dâmaso Salcede, uma das personagens mais interessantes de "Os Maias" de Eça de Queiroz, a Obra que a biblioteca recomenda para maio. Ei-lo na imagem, Dâmaso em todo o seu explendor!


Venha descobri-lo em "Os Maias" e perceberá porque esta é uma das obras primas da literatura europeia.
E o Eusebiozinho? Ui ui o que vai praí! E Afonso da Maia, haverá algum?? Quem ler (ou reler...) "Os Maias" compreenderá melhor o Portugal de hoje. E haverá alguém que o compreenda?!




1º de maio - Dia do trabalho




O dia do trabalho é comemorado em 1 de maio.
Em vários países do mundo é feriado nacional e em muitos outros é um dia de tristeza pois neles falta a liberdade que tanto prezamos.
A história deste dia remonta a 1886 na cidade de Chicago. Nesse dia e local, milhares de trabalhadores saíram às ruas para reinvindicar a redução do horário diário de trabalho de TREZE para OITO horas. Essa manifestação foi violentamente reprimida pela polícia tendo morrido diversas pessoas nesses confrontos.
Para homenagear os que morreram e celebrar o valor do trabalho criou-se o Dia Internacional do trabalho que se comemora desde 1889.
Em 1 de maio de 1975, após a revolução de abril, ocorreu uma grandiosa manifestação, uma das maiores de sempre, celebrando a liberdade recentemente  conquistada (na imagem pode ver-se essa manifestação na cidade do Porto).




Numa altura em que há tanto desemprego, parece bem importante celebrar o valor do trabalho e a liberdade para o fazer!



segunda-feira, 27 de abril de 2015

Mostra de trabalhos de Oficina de Artes

Mostra de trabalhos de reciclagem de papel de jornal e de revista, feitos pelos alunos dos 7º e 8ºs anos na disciplina de Of. Artes da professora Lúcia Viana e em exposição na Biblioteca da Júlio Dinis.
 Com este material, papel, pretendeu-se dar forma e tridimensionalidade à matéria recriando: cestos, porta guardanapos, vasos, suportes para tachos, animais, relógios e outros.
Em evidência a criatividade dos nossos alunos!







segunda-feira, 20 de abril de 2015

Astérix - O pesadelo de Obélix
Editora:  Meriberica

"ESTÚPIDO! IMBECIL! IDIOTA!!

é deste modo tão pacífico e calmo que se inicia  "O Pesadelo de Obélix" que recomendamos vivamente!
Goscinny e Uderzo em mais uma história entre romanos , gauleses, discussões, tareias e muita animação! 
Será desta que os Romanos conseguem derrotar a única aldeia irredutível ao seu poder?

Será desta que a história não termina com mais um banquete com javali e muita animação?








terça-feira, 7 de abril de 2015

A biblioteca recomenda - Abril

"A mulher que prendeu a chuva e outras histórias" de Teolinda Gersão

Site oficial


Sextante Editora
Prémio Máxima da literatura
Prémio Fundação Inês de Castro

O livro reune 14 contos que partem da vida quotidiana mas se abrem insensivelmente a outros mundos, de todos nós, e onde todos habitamos.

"Corria para a frente, na noite, no dorso de um cavalo enlouquecido, que me arrastava, para nenhum lugar.Não havia pontos de referência na paisagem, cavalgávamos à desfilada, depressa, cada vez mais depressa, e no entanto sem avançar no espaço. Desapareceu o espaço, e também o tempo, a noção de tempo? interroguei-me. Não sabia onde estava e recordava-me só vagamente do meu nome. Mas não esquecera o teu. "



terça-feira, 24 de março de 2015

Morreu Herberto Helder

Os Animais Carnívoros
Dava pelo nome muito estrangeiro de Amor, era preciso chamá-lo
sem voz - difundia uma colorida multiplicação de mãos, e aparecia
depois todo nu escutando-se a si mesmo, e fazia de estátua durante um
parque inteiro, de repente voltava-se e acontecera um crime, os jornais
diziam, ele vinha em estado completo de fotografia embriagada, desco-
bria-se sangue, a vítima caminhava com uma pêra na mão, a boca estava
impressa na doçura intransponível da pêra, e depois já se não sabia o
que fazer, ele era belo muito, daquela espécie de beleza repentina e
urgente, inspirava a mais terrível acção do louvor, mas vinha comer às
nossas mãos, e bastava que tivéssemos muito silêncio para isso, e então
os dias cruzavam-se uns pelos outros e no meio habitava uma montanha
intensa, e mais tarde às noites trocavam-se e no meio o que existia agora
era uma plantação de espelhos, o Amor aparecia e desaparecia em todos
eles, e tínhamos de ficar imóveis e sem compreender, porque ele era
uma criança assassina e andava pela terra com as suas camisas brancas
abertas, as suas camisas negras e vermelhas todas desabotoadas.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Ler para recriar _Livros em festa!


LIVROS EM FESTA

Convite aos encarregados de educação:

As bibliotecas do Agrupamento de Escolas de Ovar Sul vão organizar uma atividade, no parque urbano de Ovar, no dia 23 de maio. Chama-se "Livros em festa" e a participação de todos é fundamental.
Haverá muitas atividades, nomeadamente um circuito pedestre (de manhã) e teatro, dança, música, exposições e muita animação (tarde e noite).
Contamos com a presença de todos nesta festa!


terça-feira, 17 de março de 2015

Poema do dia - Poema em linha reta













Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado
[sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…








Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Fernando Pessoa

Eclipse do dia 20 de março de 2015

   


Ocorre no próximo dia 20 de março um eclipse total do sol, o qual é parcial no território nacional. Só voltará a acontecer um eclipse solar total na Europa em 2026. Na Madeira atingirá os 57%, subindo para 63% a 74% no continente e atingindo entre 70% a 78% nos Açores. O eclipse começa uma hora antes do máximo e termina 1h 10 m depois deste.

É preciso ter muito cuidado na visualização do eclipse. No link que se segue estão todas as indicações necessárias... 


Regras de segurança - clica AQUI

segunda-feira, 9 de março de 2015

sexta-feira, 6 de março de 2015

Poema do dia

Aquela cativa,
que me tem cativo,
porque nela vivo
já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
em suaves molhos,
que para meus olhos
fosse mais fermosa.

Nem no campo flores,
nem no céu estrelas,
me parecem belas
como os meus amores.
Rosto singular,
olhos sossegados,
pretos e cansados,
mas não de matar.

~Ua graça viva,
que neles lhe mora,
para ser senhora
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
onde o povo vão
perde opinião
que os louros são belos.

Pretidão de Amor,
tão doce a figura,
que a neve lhe jura
que trocara a cor.
Leda mansidão
que o siso acompanha;
bem parece estranha,
 mas bárbora não

Presença serena
que a tormenta amansa;
nela enfim descansa
toda a minha pena.
Esta é a cativa
que me tem cativo,
e, pois nela vivo,
é força que viva.

Luís de Camões

Glory - Óscar para a melhor canção original (2014)

A canção Glory ganhou este ano o Óscar para melhor tema original. Pertence ao filme Selma da realizadora Ava DuVernay. O filme  conta com interpretações, entre outros, de David Oyelowo e Carmen Ejogo.

Vê aqui o trailer do filme



Vê aqui a ficha técnica e  a crítica do filme

domingo, 1 de março de 2015

Pássaro Voz- As Canções de Fernando Alvim

Sugestão da docente Ana Ferreira à qual nos associamos pois também valorizamos o que é nacional.
Ora oiçam a voz de Ana Moura, mas sobretudo o som da guitarra de Fernando Alvim, que partiu e nos deixou mais pobres.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Pequenos ditadores

     Aos consultórios médicos chegam cada vez mais "pequenos ditadores" que os adultos já não conseguem controlar. São filhos de pais que têm medo de ser tiranos. Mas as crianças sem limites não são livres, defendem especialistas.

 In Jornal Público









Ler o resto do artigo  aqui

A propósito da cor do vestido

Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar‑se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia‑se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.
O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam‑se na observação dos factos e punham‑se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor – sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.
Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente quando assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efectuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.
Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou um peixe amarelo.
Herberto Hélder, Os passos em volta, Assírio e Alvim

Tributo a Leonard Nimoy (1931 - 2015)

Talvez vocês não saibam, mas Mr Spock preencheu a nossa imaginação durante muito tempo. Exatamente porque não era humano, confrontou-nos com as nossas fraquezas e mostrou-nos as maravilhas da nossa imperfeição.
 Leonard Nimoy morreu mas Mr. Spock... esse ficará.



Veja a entrevista

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Poema do dia

URGENTEMENTE




É urgente o amor
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão, e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.


É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

"Eugénio de Andrade"



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

GRÉCIA


Olha a Grécia!



Muito se fala da Grécia! Se vires este pequeno video compreenderás muitos dos disparates que ultimamente se ouvem sobre este país! Sim porque a Grécia é um país maravilhoso, berço de uma civilização onde se preza a beleza, a Democracia, os valores que elevam a espécie humana!



Sim porque um país com Ulisses, com Aquiles e um calcanhar, que saiu de dentro de um cavalo de madeira e em que o amor entre um homem (Páris) e uma mulher (Helena) gerou uma guerra de DEZ anos... é um grande país!

Ver video

Dia de S. Valentim


São Valentim quem foi?? Um santo com muitas namoradas?! Um namorado que era "um santo"?
Mas namorado de que santa?
Queres saber a história de São Valentim? Coitadito foi decapitado...ou seja...perdeu a cabeça... Ah então já percebi! Eu também perco a cabeça pela minha namorada!!


As comemorações de 14 de Fevereiro, dia de S. Valentim, como dia dos namorados, têm várias explicações – umas de tradição cristã, outras de tradição romana, pagã.
A Igreja Católica reconhece três santos com o nome Valentim, mas o santo dos namorados pensa-se ter vivido no século III, em Roma, tendo morrido como mártir no ano 270. Em 496, o papa Gelásio reservou o dia 14 de Fevereiro ao culto de S. Valentim.

Valentim era um sacerdote cristão contemporâneo do imperador Cláudio II. Cláudio queria constituir um exército romano grande e forte; não conseguindo levar muitos romanos a alistarem-se, acreditou que tal sucedia porque os homens não se dispunham a abandonar as suas mulheres e famílias para partirem para a guerra.




E a solução que encontrou… foi proibir os casamentos dos jovens! Valentim ter-se-á revoltado contra a ordem do imperador e, ajudado por S. Mário, terá casado muitos casais em segredo. Quando foi descoberto, foi preso, torturado e decapitado a 14 de Fevereiro.







Romeo and Juliet






"Ah, dear Juliet, why are you still so lovely? Eyes, look at Juliet for the last time! [putting his arms round her] Arms, hold her for the last time! {kissing her] And mouth, kiss her for the last time. Now, it's time for me to kill myself. [He takes out the bottle of poison and drinks] Oh, doctor, you gave me a good strong poison. It's very quick. [He kisses Juliet's hand] So with a kiss, I die. {He fall to the ground and dies.]



Romeo and Juliet by William Shakespeare
Penguin readers

Ler toda a obra

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Nuno Júdice na nossa Biblioteca!


Na última sexta-feira tivemos um visitante de excelência! Nem mais do que Nuno Júdice.

 Numa sessão muito interessante (e muito elogiada...), Nuno Júdice leu...
Receita para fazer o azul


Se quiseres fazer azul,
pega num pedaço de céu e mete-o numa panela grande,
que possas levar ao lume do horizonte;
depois mexe o azul com um resto de vermelho
da madrugada, até que ele se desfaça;
despeja tudo num bacio bem limpo,
para que nada reste das impurezas da tarde.
Por fim, peneira um resto de ouro da areia
do meio-dia, até que a cor pegue ao fundo de metal.
Se quiseres, para que as cores se não desprendam
com o tempo, deita no líquido um caroço de pêssego queimado.
Vê-lo-ás desfazer-se, sem deixar sinais de que alguma vez
ali o puseste; e nem o negro da cinza deixará um resto de ocre
na superfície dourada. Podes, então, levantar a cor
até à altura dos olhos, e compará-la com o azul autêntico.
Ambas a s cores te parecerão semelhantes, sem que
possas distinguir entre uma e outra.
Assim o fiz – eu, Abraão ben Judá Ibn Haim,
iluminador de Loulé – e deixei a receita a quem quiser,
algum dia, imitar o céu.
Nuno Júdice
Voltará?
Figuras: Stary night over the Rhone - Vincent Van Gogh (1888) e Foto do rio Ródano (2008)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Internet - O Perigo à Distância de um Clique - BBC (SIC Noticias)

10 DE FEVEREIRO - Dia da internet segura 2015










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A biblioteca recomenda - Fevereiro

De edição da responsabilidade da Fundação Jorge Álvares dispõe a biblioteca escolar de diversos exemplares do livro :" Missão impossível" de Ana Maria magalhães e Isabel Alçada com lindíssimas ilustrações de Carlos Marques. A nossa sugestão de leitura para o mês de fevereiro...

 "_ Vamos partir por ares nunca antes navegados - informou o Chi'i lin. - Preparem o espírito e o corpo para o que der e vier. (...) Aqueles conselhos, se eram sábios, também eram inquietantes. Noutras circunstâncias, Matilde, Rodrigo e Luís talvez se assustassem.(...)
Entregues à sua sorte, flutuavam agora entre o céu e a terra. Ou seria entre o hoje e o amanhã? Ou entre o mundo real e o mundo virtual?"

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Proposta Prazer de ler

Hoje a nossa proposta de leitura é um artigo que achamos interessante de Rubem Alves - O Prazer da leitura que encontrámos no blogue "Aprender a olhar o mundo"



Citamos: "Lembro-me da criançada a repetir em coro, sob a regência da professora: "bê-á-bá; bê-e-bê; bê-i-bi; bê-ó-bó; bê-u-bu"... Estou a olhar para um postal, miniatura de um dos cartazes que antigamente se usavam como tema de redacção: uma menina deitada de bruços sobre um divã, queixo apoiado na mão, tendo à sua frente um livro aberto onde se vê "fa", "fe", "fi", "fo", "fu"...

Se é assim que se ensina a ler, ensinando as letras, imagino que o ensino da música se deveria chamar "dorremizar": aprender o dó, o ré, o mi... Juntam-se as notas e a música aparece! Posso imaginar, então, uma aula de iniciação musical em que os alunos ficassem a repetir as notas, sob a regência da professora, na esperança de que, da repetição das notas, a música aparecesse..."

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Cartazes da associação 25 de abril

 Estes são alguns cartazes da Associação 25 de abril. Vê mais cartazes