Dias Comuns
Diário
Editora D. Quixote
20 de Dezembro de 1968:
Assisti a duas reuniões do júri "O Natal visto pelas crianças". Leitura cansativa de quilos de exercícios escolares, sem graça nem tino, onde apenas se salvam, por pitorescas aqui e além, algumas indigestões dos versos tradicionais das Janeiras.
Sensação trágica de que a fórmula de pesquisa nestes concursos só pode ser esta: ignorar as prosas bem escritas, quase sempre convencionais, hirtas, redigidas pelas mãos-fantasmas dos pais ou dos professores por dentro das mãos dos miúdos. E procurar as outras, as dos cábulas, mal escritas, cheias de asneiras, mas às vezes com saborosos acasos de expressão.

(Senhores: como as crianças andam pobres por dentro!)
(A ler na nossa biblioteca)
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