segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Se as penas com que Amor tão mal me trata

 

O Eduardo Azevedo Soares, do 12.º TEAC, enviou-nos este vídeo com a leitura de um soneto de Camões.

Obrigada, Eduardo!

Se as penas com que Amor tão mal me trata
Permitirem que eu tanto viva delas,
Que veja escuro o lume das estrelas,
Em cuja vista o meu se acende e mata;

E se o tempo, que tudo desbarata
Secar as frescas rosas sem colhê-las,
Mostrando a linda cor das tranças belas
Mudada de ouro fino em bela prata;

Vereis, Senhora, então também mudado
O pensamento e aspereza vossa,
Quando não sirva já sua mudança.

Suspirareis então pelo passado,
Em tempo quando executar-se possa
Em vosso arrepender minha vingança.

                      Luís de Camões

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