À conversa com
Matilde Alves, autora do livro “Discreta
Mutabilidade”, publicado em agosto passado,
pela Chiado Editora.
Nas
suas pequenas notas biográficas, a Matilde apresenta-se da seguinte forma:
“Nascida
em setembro de 2006, ao longo do seu ainda conciso percurso, apresenta-se como
testemunha de acontecimentos que propiciaram a libertação de um sentido crítico
e do dom da comunicação com o outro.
Estudante do curso de Ciências e Tecnologias na Escola Secundária Júlio Dinis e natural de Ovar, pretende um futuro repleto de influências no desenvolvimento de pequenos futuros graúdos.”
A Matilde apresentou o seu livro aos alunos do 8.º e 9.º anos, na Biblioteca da EB Monsenhor Miguel de Oliveira, no dia 31 de outubro, e foi entrevistada pelo 8.º G.
Henrique: O que é que te levou a escrever um livro?
Matilde: Olha,
aquilo que me levou a escrever foi mesmo por necessidade, é o que eu digo e vou
dizendo às pessoas, eu não tenho um gosto enorme por escrever, não tenho, foi
mesmo por necessidade porque queria fechar dois capítulos da minha vida, e,
quando dei conta, andava a escrever, depois juntei tudo e saiu um livro.
Henrique: Como é que conseguiste conjugar a vida de
estudante com a escrita do teu livro?
Matilde: Foi
muito fácil, isto foi durante a pandemia, e eu, na pandemia, tinha imenso tempo
livre. Dediquei-me um bocadinho a isto, inconscientemente, mas dediquei-me. Entretanto,
voltamos a regime presencial, e eu só escrevia quando sentia. Eu não tinha um
momento do dia ou da semana em que dizia: “Não, agora vou continuar a escrever
o livro”, não, apetecia-me, e eu tinha inspiração para isso, ia e colocava uma
frase e vinha-me embora. Portanto, foi muito fácil de conciliar, não foram dois
mundos distintos, eu dava conta. Dava por mim a estar numa aula de filosofia, a
professora estar a falar, eu estar a gostar das coisas que ela estava a dizer,
e eu apontava no caderno e chegava a casa e transformava aquilo para a
linguagem do livro e conseguia aplicar umas coisas nas outras.
Lara: Quando decidiste que querias escrever um
livro, tiveste algum tipo de apoio? Algum especial ou marcante?
Matilde: Não, até porque ninguém sabia que eu estava
a escrever um livro. Eu cheguei ao pé das pessoas e disse: “Olhem, é isto, está
aqui, escrevi. Acho que vou mandar para uma editora.”. Ninguém sabia. Era só eu
e os meus sentimentos.
Martina: O facto de teres escrito um livro, leva-te a
pensar seguir um curso ligado a essa área?
Matilde: Não, de todo, precisamente por eu não adorar escrever. Por isso é que eu decidi não continuar uma carreira, até porque eu não me vejo a fazer isto a minha vida toda. Se eu escrever outro, e acredito que venha a escrever, é mesmo por necessidade. Estou à espera que aconteça alguma coisa na minha vida para eu voltar a escrever. Mas não, e mesmo falando de quem já publicou e está ligado a uma editora... não me dá futuro, não me garanto numa boa qualidade de vida.
Maria: Tendo em conta que escreveste um livro numa
idade tão jovem, isso afetou a tua vida social de alguma forma?
Matilde: Eu
consegui colocar em palavras aquilo que (eu) sentia e aquilo que muita gente
sente, só que não tem coragem de escrever, ou não sabe como o fazer. Se afetou
a minha vida social? Não, continuei a ser a pessoa que sempre fui, e as pessoas
continuaram a falar comigo, sempre, da forma como falavam, apenas davam apoio e
mostravam interesse. Foi uma conquista para mim, mas isso é gratificante para
mim e não para os outros. Isto é egoísta de se dizer, mas é assim.
Rodrigo: Qual foi
a tua maior conquista até agora?
Matilde: A
minha maior conquista até agora foi escrever este livro.
Samaritana: Tens planos de escrever novas obras futuramente?
Matilde: Sim. Se acontecer alguma coisa na minha vida que me leve a isso, sim. Se não, eu não vou estar a inventar histórias da carochinha, para mim não faz sentido escrever assim
Obrigado por nos teres dado a oportunidade de
conhecer um pouco da tua história e de podermos comprovar que a escrita não tem
idade.
Os alunos do 8.º G
Sem comentários:
Enviar um comentário