sexta-feira, 8 de abril de 2022

POEMAS DE LEONOR MALAGUERRA


Leonor Alves Malaguerra nasceu a 07-10-2004 em Ovar, cidade onde reside. Neste momento, frequenta 12.º ano, na Escola Secundária Júlio Dinis.
Desde muito cedo que nutre uma paixão pela escrita, tendo concorrido em vários concursos literários, no género “prosa” e “poesia”, ganhando o 1.º prémio por quatro anos consecutivos.
Aos 10 anos, já escrevia poemas que declamava na escola. Em 2020 concretiza o seu sonho e publica o seu primeiro livro  "O manual da tua história".
Este livro poderá ser requisitado na Biblioteca Escolar Júlio Dinis.

A Leonor enviou-nos três poemas seus que podem ser lidos aqui.

Canela em pó

Dor angustiante, excruciante, martirizante,
Esta que provocas em mim sempre que partes.
Ímpeto vulcânico e impudico aquele que me assola
Porque sei, que por mais que a Razão me tente convencer do contrário,
Ainda choras dentro de mim ruidosamente.
 
O luar sangrento e soturno anuncia a tua partida.
Beijo a tua sombra, imaginando no seu contorno
A mansidão do teu olhar pleno e distante.
 
Oh, tu, tu que me escutas sem me ouvir,
Que me acaricias sem melodicamente me tangeres.
Que é feito de ti? Onde foste tu agora que preciso de ti?
 
Esbravejo, uivo por ti, lamento ininterruptamente isto que sou,
Porque te deixei ir.
Como canela em pó, a tua imagem paira serenamente pela minha memória.
Viver assim é ser assombrado e maravilhosamente deliciado,
Num só instante.
 
Devaneio louco, louco, louco!
Desvaneces-te e reapareces.
Não me lembrei de te poder esquecer
E agora, ouço o bramido trépido daquilo que foste,
E não és mais.
 
Voz cavernosa e penetrante,
Escutai esta minha súplica!
Levai-me até àquele dia, aquele maldito dia,
Que me destrói sempre que na minha mente ressurge.
Se pudesse fazer tudo de novo,
Beijar-te-ia uma vez mais.
Não imaginaria que por de trás daquele sorriso vacilante,
Se esconderia a minha morte profunda.
 
Tu, que partiste sem avisar,
Que levaste meu coração sem pedir,
Mo roubaste sem qualquer escrúpulo ou piedade
E fizeste dele eternamente teu,
Porque fugiste?
 
Se por detrás dessa tua sombra conseguires porventura
Escutar o palpitar do meu coração,
Ou sentir o calor das minhas mãos porque,
Ainda que longe e sem saber onde estejas,
Te toco, te sinto, te vivo,
Regressa.
 
Estes gritos irreconhecíveis são aroma de esperança,
Do homem que sou, porque se lembra do que foi,
Quando foi contigo.
 
Leonor Malaguerra

Neptuno

Sob o céu profundo e escuro carregado de mistério,

E onde as nuvens encorpadas bailam fastidiosamente,

Procuro fugir, adentrando-me num outro universo, num outro planeta.

Mergulho na terra das águas, no oceano irascível e abismal,

Sítio onde reina a intemporalidade marcada por fantasias insólitas

De almas naufragadas num tempo qualquer.

 

As ondas rítmicas são manto frio que embala meu peito,

Fazendo-me sonhar com a madrugada nua neptunina

Em que a vira, figura inebriante e alucinogénia.

Seus cabelos eram algas, seus olhos conchas devoradoras

Que, na aspereza exterior marmórea, revelam o brilho nacarado

Daquele espírito de luz sublime e opulento quanto uma medusa.

 

Nos seus tentáculos me quero enovelar,

e o seu mortífero veneno tomar como meu.

Naquele ser misterioso, quero orbitar infinitamente

E agasalhar na minha essência o aroma salgado e denso

Daquela que é a sua atmosfera envolvente,

Consubstanciando-me numa paixão planetária.

 

Com seu jeito, sacio meu desejo passional.

Ela é estrela de (a)mar.

Vê-la, ainda que à distância de um astro,

É como atentar a mais espantosa pintura.

Seu corpo é quimera surreal e perfeita

E suas curvas são meridianos de um planeta.

 

Perdido no seu cântico azul, abraço-a.

Eternamente unidos estaremos numa dança orbicular.

Seu nome é Nereida, e meu, Neptuno.

 

 Leonor Malaguerra


Sono profundo
E é no cair da noite, quando a escuridão se aprofunda
Que os teus lábios vêm de encontro aos meus
Enquanto o silêncio ensurdecedor da cidade que descansa
Me revela as mais secretas confissões do nosso amor.
 
Assim que fecho os olhos, é o teu rosto que vejo.
Entre as constelações desenhado está o teu sorriso,
E como música harmoniosa feita em improviso,
Sinto, por detrás da almofada, a delicadeza do teu beijo.
 
Dormes já, alminha cansada e angelical, embalada num sono profundo
Que te aconchega e reconforta, relembrando que,
Assim que ambos fechamos os olhos e nos abraçamos veementemente,
Nada mais importa.
 
Tudo é feliz entre o sono e o sonho
Onde, talvez por mero acaso ou força do Destino,
As nossas essências se entrecruzam,
Dançando lentamente e unissonamente num bailado de euforia.
 
Nos meus sonhos, estamos juntos e somos aquilo que queremos ser.
Livres das complicações do mundo terreno, livres de medos,
Viajamos juntos na imensidão intemporal do meu paraíso noturno
Enquanto reflito acerca da radiância e brilho perpétuo que trazes à minha vida.
 
Nos breves momentos antes de adormecer, penso em ti.
Ao dormir, sonho com o som melódico da tua voz, capaz de me acalmar
E de despertar em mim sensações calorosas.
Ao acordar, desejo ter-te nos meus braços e não mais te largar.
 
E se esta noite, o teu sorriso e o meu se unirem como por magia,
Fica sabendo que de tal união resulta a entrega total do meu coração.
 
Agora, balanço continuamente de um lado para o outro da cama,
Na tentativa infrutífera de te ver novamente naquele que é o momento favorito do meu dia.
E quando os meus olhos por fim se fecharem, a minha promessa manter-se-á:
Amar-te-ei hoje e sempre. Isto não é um adeus; é um até já!

 Leonor Malaguerra

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