Instituído em 1988 pelos estados português e brasileiro com vista a estreitar os laços   culturais entre os vários países lusófonos e enriquecer o património literário e cultural da   língua portuguesa, o Prémio Camões tem o valor de cem mil euros, a ser pago pelos dois   países em partes iguais.
     O júri, reunindo alternadamente em Portugal e no Brasil, integra duas personalidades   portuguesas e duas brasileiras, bem como dois representantes dos países de língua oficial   portuguesa.
      Este ano, o prémio foi atribuído à poetisa angolana Ana Paula Tavares. distinguindo “a sua   fecunda e coerente trajetória de criação estética e, em especial, o seu resgate da dignidade da  poesia”. O Júri sublinhou ainda que “com a dicção do seu lirismo, sem concessões evasivas,  e com os livres compromissos da produção em crónica e em ficção narrativa, a obra   de Ana Paula Tavares adquire também uma relevante dimensão antropológica em perspetiva   histórica.”
 Eis um poema de Ana Paula Tavares:
RAPARIGA
Cresce comigo o boi com que me vão trocarAmarraram-me já às costas, a tábua EylekessaFilha de Temboorganizo o milhoTrago nas pernas as pulseiras pesadasDos dias que passaram…Sou do clã do boi –Dos meus ancestrais ficou-me a paciênciaO sono profundo do deserto a falta de limite…Da mistura do boi e da árvorea efervescênciao desejoa intranquilidadea proximidadedo marFilha de HucoCom a sua primeira esposaUma vaca sagrada,concedeu-meo favor das suas tetas úberes.

 
 
 
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