E se encontra-ses os erros todos?

 Segundo a OCDE, a literacia dos adultos do nosso país está abaixo da média. Talvez póssamos refletir um pouco sobre o assunto. Dizer que não confio nada nestes resultados. Houveram pessoas a afirmar que não ficaram surpreendidas, mas eu fiquei perplexo. Na minha opinião pessoal, os portugueses têm excelentes capacidades de interpretação de texto. Acreditaria neste estudo se tivesse sido feito à cinquenta anos atrás, mas a verdade é que, nas últimas décadas, avançámos muito para a frente.Julgo que tudo isto é muito suspeito, porque o esforço para aumentar a literacia em Portugal tem partido de ambos os dois lados políticos. Este atual governo até já interviram no sentido de resolver os problemas de fundo da educação. Certamente que a OCDE vai retratar-se: os resultados devem estar errados, derivado a erros. Caso contrário, não vejo outra alternativa senão sair para fora dessa organização. Se tivesse nas minhas mãos, eu faria-o.

É óbvio que a divulgação deste estudo causou mau-estar. Esta notícia estragou-me o dia, que até estava solarengo. Não tenham dúvidas: condeno veemente a postura da OCDE. É ofensivo que um organismo internacional trate os cidadões portugueses como uns analfabetos quaisqueres. Aonde fica a dignidade? A mim, pessoalmente, admira-me que isto não tenha despoletado manifestações. Para receber resultados como estes, para a próxima nem vale a pena partilhar os dados. Hades cá vir, OCDE.

Não nego, há pequenos pormenores a afinar. No que toca à avaliação dos alunos, temos de subir para cima os indicadores. Por exemplo,os exames de matemática deste ano podiam ter corrido mais bem: não houve poucas notas negativas. De facto, dá vontade de perguntar uma questão aos nossos estudantes: o que é que fizes-te no ano lectivo passado? Em todo o caso, temos concerteza capacidade para inverter esta situação e sair deste ciclo vicioso. Confiem, OCDE: a gente vamos dar a volta a isto.

        In "Expresso"  - Manuel Cardoso