sábado, 29 de outubro de 2011

O estranho caso do cão morto


" No dia seguinte, vi quatro carros amarelos quando ia a caminho da escola, o que fez com que o dia fosse um Dia Negro, por isso não comi nada ao almoço e fiquei todo o dia sentado no canto da sala, a ler o meu manual para o exame de admissão de matemática (...), não falei com ninguém e, durante toda a tarde , fiquei sentado no canto da Biblioteca a gemer (...), isso fez-me sentir calmo e seguro."

" Voltei a enrolar-me em cima da relva e, mais uma vez, comprimi a testa contra o chão e fiz aquele barulho a que o Pai chama gemer. Eu faço este barulho quando está a entrar na minha cabeça demasiada informação vinda do mundo exterior. É como quando se está chateado e se segura o rádio de encontro ao ouvido, sintonizando-o entre duas estações, e tudo o que se consegue ouvir é estática; depois aumenta-se o volume, até que esse barulho é tudo o que se consegur ouvir, e sabe-se que se está seguro porque não se consegue ouvir mais nada. O policia pegou-me no braço e obrigou-me a pôr de pé. Eu não gostei que ele me tocasse desta maneira. E foi então que lhe bati."

Christopher Boone é o narrador deste magnífico romance, tem apenas 15 anos e sofre de sindrome de Asperger, uma forma de autismo. Possui uma memória fotográfica, é excelente a Matemática e a Ciências, mas o que mais lhe custa compreender é "tão somente" a espécie humana.

A cor vermelha dá-lhe sorte e detesta o amarelo. Quando está nervoso faz contas de cabeça. Tem dificuldades em entender emoções, detesta ser tocado por alguém ou ficar em lugares com muita gente.

O Estranho Caso do Cão Morto é um livro extraordinário onde se aprende a ver o mundo do ponto de vista de uma criança com este tipo de sindrome, visão essa a que poucas vezes temos acesso.
Aprende-se a ver o seu mundo sem a compaixão que quase sempre se associa ao autismo, o que permite compreender as preocupações diárias e a organização mental de quem vive com o facto.

E agora perguntam vocês - então e nesta história toda onde é que entra o tal cão morto?

Pois, para saber têm que ler! Vale mesmo a pena.

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