sábado, 24 de outubro de 2009

Ler é bom?

Retirado de :

LER, PENSAR E ESCREVER

de Gabriel Perissé (nacionalidade brasileira)
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Bom? Ler é bom demais. Ler é ótimo. Ler é mais do que necessário. Enriquecedor. Imprescindível. Mas a verdade é que talvez você só leia “de vez em quando”. Ou até leia com certa freqüência, mas gostaria de ler melhor, ou de ler mais, num país em que se costuma dizer que as pessoas lêem muito pouco, falam mal e escrevem pior ainda.

Diante do desinteresse mais ou menos generalizado pelo livro (que não é só um problema brasileiro, é mundial), cuja raiz está na educação familiar e escolar, nós, professores, em desespero de causa, costumamos cometer um erro fatal. Obrigamos os jovens a lerem Iaiá Garcia de Machado, Iracema de Alencar, Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, O Cortiço de Aluísio, ou um outro romance-cortiço qualquer, ou um romance açucarado ou, pior ainda, o último best-seller, com os seus conhecidos ingredientes de muito sangue, sexo e agora esoterismo. Democraticamente, impomos a todos que leiam o mesmo livro e, na prova, respondam (quase) da mesma forma.


Resultado: fazemos justamente o contrário do que queríamos. Tornamos o ato de ler um dever desagradável, irritante, e convertemos o livro num símbolo do constrangimento, da cobrança e do fracasso. Geramos, assim, pessoas complexadas, novos analfabetos funcionais que, na frase do poeta Mario Quintana, “são os que aprenderam a ler e não lêem”, e completo: são os que aprenderam a escrever e não escrevem.

Trabalhamos com a maior boa vontade, sem dúvida, pois ansiamos fazer entender aos jovens que o hábito de ler é meio caminho andado para uma pessoa ser intelectual e socialmente saudável e, em todas as áreas, um profissional completo. O fato, no entanto, é que muitos dos que alcançam e concluem o curso superior continuam alheios ou, o que é pior, avessos aos livros. Para o resto da vida, só lerão “de vez em quando”: manuais técnicos, o caderno de esportes do jornal, a revista mensal ilustrada, qualquer coisa em que o interesse imediato pelo assunto supere a barreira de uma incapacidade quase física para ler textos exigentes e substanciais.

Ou será que nós, professores e pais, não os motivamos realmente a ler?

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