Foram duas as vezes que conversei com ela, a Laura. Digo CONVERSEI propositadamente. Senti, como sinto algumas vezes, o verdadeiro prazer de uma comunicação clara, autêntica,profunda, olhos nos olhos, sem ruídos.
Os olhos da Laura eram belos. Quem olhou atentamente não se ficou pelo verde da cor. Viu a beleza interior que os iluminava. Viu alegria e, por debaixo, sofrimento. Viu ternura,compaixão, sinceridade, compreensão, amizade...
Eu vi uma pessoa com P, aberta ao Outro, ao Mundo. Disse-lhe com sinceridade, fazendo-a sorrir: "Quando for grande quero ser assim." Ela compreendeu que não era um elogio supérfluo, daqueles banais e repetitivos. A Laura sentia o que era de facto sentido.
Não tive o privilégio de a ter como colega, apenas nos encontrámos em ocasiões de jantar ou almoço.
E senti um choque quando ouvi a notícia. Aquela Vida não podia ter parado.
Tive que a acompanhar, pelo menos na igreja. Sorte tiveram todos aqueles que a cotejaram em vida. Tornou-os mais ricos, não duvido.
Maria de Fátima Canarias (ex docente da ES Júlio Dinis)
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
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