segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Devia morrer-se de outra maneira


Devia morrer-se de outra maneira.

Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.



Quando nos sentíssemos cansados,
fartos do mesmo sol a fingir de novo todas as manhãs,
convocaríamosos amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer:




"Fulano de tal comunica V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje às 9 horas.
Traje de passeio".


E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos escuros, olhos de lua de cerimónia, viríamos todos assistir à despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"


E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,numa lassidão de arrancar raízes...(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... ) a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se em fumo... tão leve... tão sutil... tão pòlen...como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono ainda tocada por um vento de lábios azuis...

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