quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Livro do mês - Novembro


AS PUPILAS DO SENHOR REITOR
de Júlio Dinis




(...)
— Que tens tu, José? A modo que te estou estranhando! - exclamou o reitor, já um pouco impaciente.
— É que, Sr. Padre António, eu... a falar a verdade... queria dizer-lhe uma coisa.
— Pois dize, homem, dize para aí. Então deste agora em fazer cerimónias comigo?
— Eu sei o grande favor que o Sr. Reitor me faz ensinando o pequeno...
— Bem, bem, adiante; deixemo-nos agora disso. Se eu o ensino, é porque quero e gosto. O que estimo é que ele aproveite, como de facto aproveita; o mais são histórias.
— Pois muito agradecido. Mas dizia eu... sim... custa-me a explicar...
— Com S. Pedro! Fala, homem, dize lá o que tens a dizer.
— É que o rapaz a modo que é fraquito, e então...
— E então o quê ?
— Tenho medo que, estudando demais, me adoeça por aí, e ...
— Mas ele estuda demais?
— Não, senhor; mas... sim... queria eu dizer, que talvez fosse bom que o Sr. Reitor o demorasse menos na aula. Digo eu isto, mas se vir que...
— Sim, sim, mas então... vamos a saber, então ele demora-se muito?
— Não digo que seja muito. Tudo é necessário, bem sei...Mas... quero eu dizer... para quem é fraco como ele... Como sai às duas horas e vem só às trindades... e às vezes à noite fechada...
O Reitor ficou como se lhe caíra o coração aos pés, ficou... - diga-se a frase, visto que a autorizou quem podia - ficou desapontado. Das duas horas às trindades, e à noite cerrada, às vezes, quando ele lhe entrava em casa às três e lhe saía pouco depois das cinco! Tinha assim o padre de modificar duplamente o seu juízo - quanto ao rapaz e quanto a si - descrendo da conversão do primeiro e do seu próprio poder de catequese. Este sacrifício em duplicado, custou-lhe e conservou-o por algum tempo mudo. Esteve para contar ao pai a história toda, mas calou-se. Tinha um coração generoso afinal de contas e compreendeu que a revelação, iria afligir o velho.
— Tens razão, homem - limitou-se pois a dizer - Tens razão. O rapaz há de sair mais cedo. Eu olharei por isso. Mais alguns dias só, para chegar cá a um ponto que eu quero, e depois será como dizes.
E lá consigo dizia o bom padre.
— Deixa estar, meu Danielzinho, que eu hei de saber por onde tu me vais, depois que te mando embora. Deixa estar, deixa, que me não tornas a enganar, meu menino. (...)

A JOGAR TAMBÉM SE APRENDE

  Vai já na sua quinta sessão o concurso “A jogar também se aprende!”, da responsabilidade dos alunos do 7.º H, da EB Monsenhor Miguel de Ol...